quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

ces't la fucking vie

Sei que "foi uma boa notícia" não era o que ele esperava ouvir. Mas saber que já havia muita gente cansada de me ouvir falar dele talvez lhe sirva de consolo.



E a maldita redundância já havia passado por aqui há um tempo...

sympathy for the devil...

'cause I can still taste it.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

ai, mãe, você é tão engraçada...

AR: (...) e eu estava planejando e falei com a Rita e sei que você tem vestibular e precisa procurar emprego, mas o que você acha que passarmos a semana tal na praia, para descansar?
R: Ah... Sério?
AR: Sério.
R: Não sei não...
AR: Por que?
R: Eu vou ser uma pessoa chata. O que você vai fazer quando todos estiverem em roupas de banho, carregando as boias e as esteiras e eu disser que prefiro ficar em casa usando a rede porque odeio ficar tostando ao sol e areia entrando na minha bunda?
AR: Você vai fazer isso?
R: Provavelmente.
AR: Você não pode tentar?
R: Você consideraria ir sem mim? Só por curiosidade.
AR: Sem você? Você quer mesmo que eu fique longe, não é?
R: Não foi o que eu disse.
AR: Mas eu sei.
R: Não sabe.
AR: Ah, filha... Se você não quiser ir, tudo bem. Tenho muitos sapatos para consertar. Eu fico em casa sem fazer nada numa boa... Você no seu canto e eu no meu, como você gosta.
R: Sua psicologia reversa é do mal.
AR: Como?
R: É... Você é do mal.
AR: Como você pode dizer que sua mãe é do mal?
R: Como assim?
AR: Do mal. Como você pode dizer isso?
R: É uma piada. Irônica. O que você acha que eu quis dizer?
AR: Do mal é do mal. E do bem é do bem. Eu sou do bem!
R: Certo. Mas não deixa de ser uma piada.
AR: Mas não quero que use comigo. "Mal". Sabe, é mal. É diabólico. Perverso.
R: Tenho uma novidade para você: o diabo não é perverso, as pessoas são.
AR: O diabo não é perverso?
R: Algo que não existe não pode ser perverso.
AR: Ah, então o Diabo não existe? E Deus não existe? Você virou uma ateia igual ao seu pai? O que é que você anda vendo? Fizeram uma lavagem cerebral em você!

domingo, 26 de dezembro de 2010

"It's funny how fallin' feels like flyin' for a little while..."

Fallin' & Flying', by Jeff Bridges on
Crazy Heart Movie

sábado, 25 de dezembro de 2010

viúva espanhola

aromática

Entrou pensando ser inodora no ateliê. Examinou os olhos escuros do perfumista, assim como as solas gastas de seus sapatos. Queria encomendar um perfume. Sorriu ao perfumista, então.
— Cítrico, floral, seco, frutado? Que tipo de perfume? — indagou o perfumista.
— Quero o meu perfume — respondeu-lhe a magrela.
Perguntou-se o perfumista como poderia saber qual era o seu perfume.
— Conheça-me — sugeriu a moça. Afinal, ele era profissional. Não renomado, mas profissional.
O perfumista considerou a sugestão. Convidou a moça a conhecer melhor o ateliê. Mostrou-lhe óleos essenciais de casca de pomelo, assim como as essências de carvalho, as orientais de baunilha, as de tabaco, de manjericão, noz moscada, mandarina, musgo, estragão, bergamota, lavanda, vetiver, ylang ylang, e mesmo as essências de pimenta. Chegou a explicar-lhe, sucintamente, a respeito das Notas de Saída, de Coração e de Fundo enquanto a moça sorria-lhe discretamente, lhe lambendo o rosto com os olhos dizendo-lhe que gostava de Cappuccino e de noites nubladas. Ficou então decidido que ela voltasse em dois dias.
Voltou.
— Está pronto? — ela indagou timidamente. O perfumista trazia o frasco nas mãos. Os olhos da garota brilharam assim que enxergaram o pequeno vidrinho, mas, quando avançou os dedos em direção ao líquido, o perfumista a deteve. Teria de recomeçar o trabalho.
— Perdão — ele disse. — Enganei-me. Poderia conceber-me mais dois dias?
Ele havia notado uma pequena pinta na base daquele pescoço esguio e que as botinas que a moça usava estavam sujas de lama. Enxergou também um rastro de amoras frescas escorrendo daqueles lábios pequenos. A mocinha, levemente decepcionada, mas com a certeza de que um segundo perfume certamente sairia melhor que um primeiro, concebeu os dias ao perfumista.
Logo ele notaria a pequena listra verde que atravessava um de seus olhos castanhos, assim como o isqueiro de prata que ela carregava em uma das mãos, os joelhos sujos de graxa, as unhas roídas, as pequenas pétalas de flores de ipê que povoavam seus cabelos, o livro de Balzac sob o braço e uma pequena mancha de café em sua bata leve. Recomeçaria o trabalho pelo menos cinco vezes e a moça passaria a permanecer por mais tempo no ateliê e a debruçar-se sobre o balcão falando do cãozinho que acabara de adotar e das primas que voltaram da Holanda cheirando a erva; até que um dia debruçar-se-ia sobre ele, que diria extasiado ao pé de seu ouvido que ela não carecia de perfume algum.
...a arruinar meu sistema límbico.

sinto falta do bendito ócio saudável

until the stars fell from the sky

Ele tocava delicadamente a base de suas costas para chamar-lhe a atenção. Apenas olhava em seus olhos para dizer-lhe que a amava. Dividia a comida posta para mostrar-lhe quanto se importava e agarrava seus dedos para exprimir qual era a tamanha necessidade de seus lábios. Disse-lhe uma vez que seria dela até que as estrelas caíssem do céu.

Não poderia prever que certo dia elas cairiam severamente, uma a uma, quando os lábios dela perdessem o mel e seus olhos abandonassem o fulgor. Não podia evitar a roleta russa cujo lucro singular era a infelicidade — era humano.

he cares for me

terça-feira, 21 de dezembro de 2010


Sim, pais fazem isso.

Só não imaginava que alguns o fizessem de maneira tão denotativa e enfática.

Mas, como concluí junto a L., chega o momento em que a gaiola fica aberta, a coleira guardada — ou arrebentada —, e o animal, tempos depois, talvez volte, quiçá abanando o rabo, por livre e espontânea vontade.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

"Ah, o tempo passa e eu penso demais
Pra dizer ao vento o que me satisfaz
E eu minto"


Hotel, Sabonetes

domingo, 19 de dezembro de 2010

"Parece que foi ontem que tentavam se decidir entre virar também o século ou apenas o milênio"


R de Rudi

minha desgraça

Minha desgraça não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta 
Tratar-me como trata-se um boneco...
Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro...
Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro... 
Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito blasfema,
É ter para escrever todo um poema
E não ter um vintém para uma vela.



 Álvares de Azevedo

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Everytime I wonder
I go under

The deeper the blues the more I see black
Sweeter the bruise the feeling starts coming back

All the deepest blues are black


Foo Fighters no disco In Your Honor,
que eu passei 2009 inteiro ouvindo à luz de velas para poder dormir
(...) Também entendi completamente, mas ele não é de todo complexo pra mim. Só descreve o abstrato como eu não faria — eu deixaria estar abstrato, ele molda, mas com toda a violência de um Alex da vida, ele é perturbadoramente minucioso...


Pagu
Pagu foi, durante um dia,
meu contato com o mundo interior.


Obrigada, Pagu.


PS: Já lhe expliquei que qualquer semelhança é mera coincidência?
"Step outside but not to brawl in..."

Scar Tissue, Red Hot Chili Peppers

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

"Até eu sinto vontade de me beijar depois de beber vinho"

Alguém que conheço vagamente

'h' de 'ressaca'

Acordei e senti a boca seca:


Honest, Band of Skulls;
House of Wolves, My Chemical Romance;
Howl, Black Rebel Motorcycle Club;

'i' de 'enjôo'

Passei pela catraca do coletivo e senti o estômago sacolejar:


Há Tempos, Legião Urbana;
I Hate The Way You Love, The Kills;
I Only Want You, Eagles of Death Metal;
I Wanna Be Your Dog, The Stoogies;
I'm Not Olay, My Chemical Romance;
If Only, The Queen of The Stone Age;

'k' de ânsia

Cheguei ao serviço. As conversar me deram vontade de vomitar:


Keep Me Warm, Ida maria;
Kill All Your Friends, My Chemical Romance;
Kozmic Blues, Janis Joplin;

'l' de 'fumar na chuva' e de 'insônia'

Voltei ao meu lugar nenhum repetindo as mesmas músicas, prevendo uma insônia:


Last Chance For Love, Black Rebel Motorcycle Club;
Last Day of magic, The Kills;
Level, Raconteurs;
Light of the Morning, Band of Skulls;
Lightness, Death Cab For Cutie;
Lonely Day, Sistem of A Down;
Long Way Down, Black Reebel Motorcycle Club;
Love Is Strong, The Rolling Stones;
Lugar Qualquer, Moptop;

'm' de 'insônia' e 'você'

Acordei, no mínimo, umas cinco vezes essa noite:


Make It Wit Chu, The Queens of The Stone Age;
Maybe, Janis Joplin;
MK Ultra, Black Rebel Motorcycle Club;

sábado, 11 de dezembro de 2010

nihil,

ganhei uma reminiscência tua...


The Original Celebrated
"Altoids"
Curiously Strong Mints







PS: Tentei, inúmeras vezes, postar a foto, mas foi impossível.
Ainda assim, olho para ela e só posso lembrar de você.
"E de quantas tequilas precisou para correr pelado?"

Como disse, pimenta é o tempero da minha vida; é inacreditável,
inaceitável que eu nunca tivesse pensado nisso.
   Sinto agora um pontada no estômago. Não, não uma pontada — um drenar maldito que me exige e consome, que me estira e me arrasta para um buraco sem cor. É como me sinto em face do belo e do maldito.
   Li confissões sobre um dia que poderia, sim, ser um dia qualquer. Todavia, um rosto faz toda a diferença. Não um simples rosto, aquele rosto.


   Espero que saiba que é com você mesmo, e a única confissão minha que talvez pudesse lhe servir de consolo é que, se houvesse possibilidade, ficaria intumescida na presença dela e de sua expressão secular. Milenar. A vi transcrita em papel em bytes nessa coisinha quadrada e agora sinto-me completamente só e invejosa, sinto-me um graveto pisado. Mas sinto também um transcender inacreditável, moléculas desagregando-se. Vai tomar no cú.

'mas como chegar até as nuvens com os pés no chão?'*

"Gosto da sua escrita. Você, enquanto flutua, consegue ainda manter um pé na chão"


R de Rudi


*Trecho de Eu Era Um Lobisomem Juvenil, Legião Urbana

corro mesmo sem pressa.

   Eu, que sempre afirmo estar parada, notei que, frequentemente, ao cruzar com meus desconhecidos pela rua, seus rostos se vão rapidamente, fluidamente, até que me descubro correndo, os pés apressados, ávidos de chegar a destino nenhum, ou a um destino que por certo não mudará de endereço em duas horas.
   Corro mesmo sem ter pressa.
   Eu, que ininterruptamente critiquei a busca pelo estável, a busca pelo firme e pelo durável, realizei que, na forma, à vista, não há nada que me diferencie de liberais conservadores, de corredores, de corruptores. Corro assim como eles, os olhos pinguepongueando sem razão, os ombros contidos de cuidado e cautela, os tropeços sobre os seres. Na forma, à vista.
   Corro mesmo sem pressa.
   A diferença (algo que insisto em encontrar por teimosia, por preconceito, por (liberoconserva)fobia) é que corro para o nada e para o tudo, para a água e do sol, corro para quem e com quem, corro para e pelo efêmero, para e pelo o espectral, corro para as correntes, acorrentada (a arte, quanto nos liberta, nos aprisiona a uns e outros); corro para e por correr.
   Corro mesmo sem ter pressa.
— Filha, homem nenhum presta. Nem eu.
— Verdade.

hoje o dia começou com 'e'

Entretanto, houve o gosto do 'C' a me comer o cérebro:

Cemetery Drive, My Chemical Romance;
Cherry Ball Blues, Skip James;
Clair de Lune, Debussy;
Closer, Kings of Leon;
Cold Wind, Black Rebel Motorcycle Club;
Coral Fang, The Distillers;
Crawl, King of leon;
Crown of Age, The Ettes;

E do 'D' a me devorar as vísceras do interno que não aguenta tinta:

Dead!, My Chemical Romance;
Death, White Lies;
Death By Diamonds And Perls;
Destroya, My Chemical Romance;
Doce Vampiro, Rita Lee;
Dull Gold Heart, Band of Skulls;

Mas enquanto me afastava de casa:

(Eu Era Um Lobisomem Juvenil, Legião Urbana);
Eu Sei, Legião Urbana;
Everytime We Say Goodbye, Ray Charles e Betty Carter;
Eyes On Fire, Blue Foundation;
Falling Over, The Pains of Being a Pure Heart;
Fault Line, Black Rebel Motorcycle Club;
Feel Good Hit of The Summer, The Queens of The Stone Age;
Felling Good, (a original, de Nina Simone e um cover, do Muse);
Fires, Band of Skulls;
Florescent Adolescent, Arctic Monkeys;

Sentindo a vibração constante e o vazio ninante do transporte público:

Folsom Prison Blues, Johnny Cash;
Full Moon, The Black Ghosts;
Go With The Flow, The Queens of The Stone Age;
Happiness Is A Warm Gun, Beatles;
Harder To Breathe, Maroon 5;
Heavy In Your Arms, Florence And The Machine;
I've Got you Under My Skin, Frank Sinatra;

Comprando vinho barato para tirar da boca o gosto de ressaca:

Heart Shaped Box, Nirvana;
Helena, My Chemical Romance;
Helter Skelter, Beatles;

Para caminhar lentamente, em direção a lugar nenhum:

Hoje A Noite Não Tem Luar, Legião Urbana (Acústico MTV);

E chegar aqui e baixar música ruim para a aula de country da minha cópia original:

Disco completo de Fernando & Sorocaba (não, não recomendo).

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

hoje o dia vai começar com números...

...porque cheguei no fim da lista e, quando isso acontece, a única coisa a se fazer é uma grande meia-volta.


Isso é pro caminho do trabalho:


02 Contramão, Moptop;
05 I Will Follow You Into The Dark, Death Cab For Cutie;
05 Química, Legião Urbana;
07 Meet Me In The Bathroom, The Strokes;
08 Tão Certo, Moptop;
1979, Smashing Pumpknis;
20 Hours, Black Rebel Motorcycle Club;
2046, Moptop;
60 Feet Tall, The Dead Weather;


Isso é para as piadinhas sobre medicamentos para aumento peninano no amigo secreto do trabalho:


A Lack fo Color, Death Cab For Cutie;
A Rush of Blood To The Head, Coldplay;
Acrilic on Canvas, Legião Urbana;
Ain't No Easy Way, Black Rebel Motorcycle Club;
Already Died, Eagles of Death Metal;
Angel From Montgomery, Bonnie Raitt;
Anna, Beatles;
Anna Molly, Incubus;
Another Round, Foo Fighters;
Another Way To Die, Alicia Keys & Jack White;
Are You Gonna Be My Girl, Jet;
Ashtray Heart, Placebo;
Atticus, Noisettes;
Ava Adore, Smashing Pumpknis;
Aya, Black Rebel Motorcycle Club;


Isso é para o caminho para minha verdadeira casa:


Baader-Meinhof Blues, Legião Urbana;
Baby, Devendra Banhart;
Baby, Os Mutantes;
Baby I'm Yours, Arctic monkeys (Barbara Lewis cover);
Bad To The Bone, George Thorogood And the Destroyers;
Beat The Devil's Tattoo, Black Rebel Motorcycle Club;
Be Yourself, Audioslave;
Beauty of Uncaertainty, KT Tunstall;
Black-Eyed, Placebo;
Black Star (acoustic), Radiohead;
Blood, Band of Skulls;
Bones, The Killers;
Boy With A Coin, Iron & Wine;
Bulletproof Heart, My Chemical Romance;
But It's Better If You Do, Panic! At The Disco;
...


E o resto, à noite, é história porque hoje tem banda ao vivo lá em casa. E eu sei, eu sei que o meu estoque está pobre, mas amanhã... Ah, amanhã o dia começa com Cancer.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

Tabacaria, Álvaro de Campos

cara, eu vou aprender a fazer esse negócio

1 - Numa panela coloque 1 lata de cerveja escura (350 ml),
1/2 xícara (chá) de açúcar (90 g) e 1/2 xícara (chá) de creme de
leite fresco (100 ml) e leve ao fogo médio até o açúcar dissolver
completamente (+/- 5 minutos). Retire do fogo e adicione - 1/2
xícara (chá) de chocolate meio amargo picado (80 g) e misture até
dissolver o chocolate. Deixe amornar.

2 - Coloque numa tigela 4 ovos e 2 colheres (chá) de essência de
baunilha e misture bem. Aos poucos adicione a mistura de
chocolate (feita acima), mexendo sempre. Junte 2 xícaras (chá) de
pão italiano cortado em cubos médios (120 g) ou pão dormido de
sua preferência e 1/2 xícara (chá) de chocolate meio amargo em
pedaços pequenos (80 g) e misture bem para umedecer o pão.

3 - Num refratário redondo (25 cm de diâmetro) untado com
manteiga despeje a mistura de pão com chocolate e polvilhe 2
colheres (sopa) de açúcar. Leve ao forno médio pré-aquecido a 180
graus por +/- 45 minutos. Retire do forno e sirva em seguida.


CALDA DE CERVEJA PRETA

Em uma panela, em fogo médio, coloque 2 latas de cerveja preta
escura, 6 colheres (sopa) de açúcar mascavo e 200 g de chocolate
meio amargo picado grosseiramente e deixe derreter e reduzir por
15 minutos até formar uma calda grossa. Sirva quente com a torta
de cerveja.
OBS: Depois que a calda esfria, ela endurece. Para voltar a ficar
líquida basta aquecê-la na panela ou no microondas.

Mais Você
É o que dá não ter o que fazer até as onze da manhã...

domingo, 5 de dezembro de 2010

"Mais um dia de irritante constipação, nas coxas uma candeia aquece as sementes da velhice e queima as da mocidade, sim, estou velhanas rugas que não existem, me irrita o pó da idade que ainda não veio"


Mariana em seresdosubsolo.blogspot.com
"(...)e eu vi na tevê que tristeza é sinal de amar demais, então eu a amo, certo?"


sábado, 4 de dezembro de 2010

-1

Era uma menina lúgubre. Fiquei certo disso no momento em que a avistei ao longe, sob uma chuva fraca, na primeira vez que a vi.
Sim, chovia. Não muito; o suficiente para me permitir sair de casa, e achava melhor assim, considerando-se meu estado de espírito eternamente perturbado — aridez me inquietava. A menina trazia as mãos vazias; nenhuma bolsa, nenhum celular, nenhum guarda-chuva.  Apenas esmalte escuro; de onde estava eu não poderia distinguir a cor. Numa persistência em tentar enxergar algo que não estava ali, nem em lugar algum, ela permanecia apenas imóvel, perecendo esperar que algo caísse junto com a água que vinha do céu. E não me notou. Melhor desse jeito — era muito nova para mim, mesmo com aquela expressão centenária e aqueles olhos cortantes. Ocupei-me então do que pude comprar numa baiuca tosca a dois quarteirões de casa: uma garrafa de vinho barato, agridoce, com gosto de tempos difíceis. Acendi (mais) um cigarro e logo me veio um garçom afetado dizer-me que senhor, é proibido fumar sob o toldo. Tentei argumentar, dizendo que não havia mais ninguém no bar, portanto, ninguém se incomodaria com a minha fumaça, e além disso, eu havia consumido bebida ali. Ele então disse mas senhor, é a nova lei, mas senhor, não fui em que ordenou, mas senhor, podemos levar uma multa, mas senhor daqui, mas senhor dali e mandei-o à puta que pariu. Peguei uma cadeira a dispus, melhor, a enfiei na calçada com uma irritação que efeito nenhum causaria e da qual eu não era capaz de me livrar. Sentei-me e lá permaneci, teimando em acender cigarros sob a chuva, vagamente notando os resmungos e murmúrios dos transeuntes que eu atrapalhava, vagamente me divertindo com eles, vagamente percebendo os carros na avenida, vagamente raciocinando, vagamente respirando, vagamente sendo.
Finalmente eu a notei me observando, mas procurei não sustentar seu olhar: sempre fui péssimo em flertes e, na maioria das tentativas, acabei por espantar todas as mulheres que um dia tentaram se aproximar e, principalmente, as que conseguiram; um espelho em cima da pia do meu banheiro começou, diariamente, a mostrar-me o motivo, portanto, lá fiquei, ignorando a menina, que ignorava a chuva que me ignorava, até que se acabasse meu vinho agridoce.
Quando eu enfim larguei da cadeira, passando a mão na barba que há tempos eu adquirira preguiça de fazer, segui em direção ao nada, mantendo no nada em que se encontrava minha mente a menina lúgubre.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

"Trair Ana, que me abandonara, doía mais que ela ter me abandonado, sem se importar que eu naufragasse toda noite no enorme corredor de transatlântico daquele apartamento em plena tempestade, sem salva-vidas".


Caio Fernando Abreu, citado por Petrus em
milhoesdepalavras.blogspot.com
"só queria ficar perto de algo teu, por mais que fosse o teu silêncio"


Anna Beatrice em requiemforanna.blogspot.com

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Cadeiras...
My face
Lying on the pavement
Tasting something awful
I hate when that happens


She wades
In and out of sexy
She must be plum crazy
I kinda think I like her


I kinda think I do...


Arizona


All the black inside me
Is slowly seeping from the bone
Everytinhg I cherish
Is slowly dying or is gone
Little shaking babies and
Drunkards seem to all agree
Once the show gets started
It's bound to be a sight to see

Pyro

KingsofLeon

1

Era um cara soturno. Disso eu tive certeza na primeira vez em que pus os olhos nele.
Chovia — se não chovesse não seria um bom começo, mas era pouco; só o que dava para rechear as poças que ladeavam os semáforos. Ele carregava uma garrafa num saco de papel que aos poucos se desfazia — coisa que eu só via em filmes — e tentava proteger seus cigarros que se iam, um seguido do outro, num vício tenaz, sob a cobertura de uma tasca qualquer. Por esse motivo, percebi, alguém gritava com ele (naquela cidade, fora recentemente proibido por lei fumar em lugares  públicos, sob pena de multa, e eu ainda estava tentando descobrir o endereço do palerma que havia criado aquela norma); um trabalhador o empurrava para a chuva arruinando a brasa acesa, deixando claro que não se podia fumar ali. O soturno homem feito, depois de muita teimosia, desistiu; puxou uma cadeira para o meio da calçada e, posicionando-a de frente para os carros passantes com uma irritação não tão impressionante, resignada e impotente, sentou-se, e lá permaneceu com sua garrafa — que já não mais possuía o saco de papel — persistindo nos cigarros úmidos.
Ele notou meu olhar, porém não se ocupou dele. Simplesmente ignorou-me, assim como eu esperava — nunca vi, encarando um espelho, algo que engodasse interesse por menos tempo. Entretanto, lá fiquei, encarando-o. Ele a ignorar-me, eu a ignorar a chuva, a chuva a ignorá-lo, até que se chegasse à última gota do que eu pensava ser vinho. Barato. Quase-vinagre.
Quando ele enfim cedeu a cadeira ao relento, seguiu seu caminho acariciando a barba comprida. Eu segui o meu, acariciando o vento.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Não sei se quero mais viver aqui sem você
Se a cada dia eu me vejo mais infeliz
Antes era tão sério
Agora rio sem motivo pra não chorar

Oh, não
Eu faço tudo o que você quiser, baby
Me leva pra outro lugar qualquer


Moptop

terça-feira, 30 de novembro de 2010

mais paganismo

R de Rudi: Estou com saudades da Pagu.
R: Eu também. Sabe, quando eu saí com a Pagu pela primeira vez ela passou mal. No shopping. Ela vomitou no lixo.
R de Rudi: Ah, é?
R: É. Eu li um post dela sobre esse dia. Ela diz que lembra de ter me ouvido dizer a Caju que a amava, e pensou "Ah, queria que ela me amasse também".
R de Rudi: Bem, "seja feita vossa vontade"...

sábado, 27 de novembro de 2010

inevitavelmente, terminei aqui

   Corria. Por algum motivo, me associei à Lola, a garota do filme que vi de manhã. Era como se, por algum motivo, quanto mais corresse, menos em vão seria seu esforço. Bobagem minha, porque eu não estava correndo para salvar alguém — estava correndo atrás do vício, para gastar parte dos R$50 que caíram por acaso na minha mão hoje (afinal, meu pai ser meu pai é apenas uma coincidência. Muito bem sucedida, é claro) com cerveja e cigarros. De qualquer maneira, corri apenas um quarteirão: grande bosta porcaria.
  Entrei em meu apartamento transpirando por ser a sedentária de sempre (no prédio não há elevador), com duas latas de Xingu nas mãos e um maço de Lucky Strike no bolso, o rosto vermelho como só fica quando choro. Minha mãe saiu e o calor tornou-se vingativo: está a me torturar por todas as vezes em que eu disse que preferia nuvens densas — demonstro minha indiferença despindo-me. Há um vinil sonorizando Haxinxins no meu quarto, o disco faz um pequeno chiado que o dá um ar reminiscente; há quanto tempo não punha um vinil para rodar...
   Pensei em guardar uma Xingu para Pagu, que adora cerveja escura, mas receio não resistir. Pensei mais um pouco que percebi que, como disse a Caju na quinta-feira, minha casa é lugar nenhum...

some people die in the middle*

   Ainda não pude me decidir a respeito do que é pior: "Se eu tiver" ou "Se eu tivesse"?

   Como ainda não pude deixar de ser uma adepta dos eternos clichês, aí vai um, meio adaptado, devo dizer: de nada adianta chorar sobre o leite derramado — muito menos pela hipótese da queda.

  Estamos presos bem no meio dos "se acontecer" e
"se tivesse acontecido".

  Mas apesar de ter notado isso, confesso que o "se" de ontem não me incomoda muito, já o "se"de amanhã... Às vezes me tortura. Se sugiro aqui (para um alguém qualquer) que deixe o que poderia ter sido para trás e o que poderá acontecer lá na frente — ou aqui, em suas mãos (pois, quando possível, ter controle é mais revigorante) — é para que eu mesma tenha coragem para parar de me perguntar "Mas e se?", já que isso de nada me servirá e, ao invés de me preparar, me desespero, e quando me desespero, esqueço do agora; o "Se for" torna-se um "É" ridículo, mais caótico e terrível. Pretendo, então, preocupar-me com o que pode ser quando for, e se tal conduta de nada me servir... Bem, vamos deixar essa possibilidade pra quando já não tiver servido.

*Verso de Die By The Drop, The Dead Weather

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

descobri que detesto vodca pura

Alguém me traga Jose Cuervo,

ou o amigo que eu mesmo criei poderia me oferecer uma Caracu...

Saudades.

inside being

   Há pouco eu estava no que se poderia chamar de "O Quarto dos Ventos Uivantes"; um granizo intruso e ignorante pôs-se açoitar minha janela. Mas agora ouço apenas os carros atravessando a redondeza e meus pensamentos estão tão vazios quanto penso que minha vida parece estar. Há muito já não estou disposta a praticamente coisa alguma. Meu próprio silêncio, o branco em minha mente, o tempo que levo para digitar cada palavra me incomodam, me desesperam. E continuo a fingir que não há nada que eu possa fazer, porque, afinal de contas, já não estou disposta a praticamente coisa alguma.
  Ainda estou disposta a ter meus benditos Lucky Strikes, mas não a esvaziar o cinzeiro no lixo. Estou disposta a fazer um desenho aqui, outro ali, mas não a preencher questionários imbecis. Estou disposta a ouvir Everytime We Say Goodbye, a ler Vinicius, a escrever irrelevâncias, a encarar Audrey Hepburn, a fazer relatos sobre os Estraga-Prazeres; só não encontro disposição para sair da cama pela manhã, nem para ouvir contradições e reflexões sobre meu desleixo, sobre meu pouco caso, sobre o meu pouco; ou para não poder recusar convites, nem para ouvir discursos oniscientes.
   Já não sei ser fora de casa. Não quero ser fora de casa.






"— As pessoas são chatas demais.
— É, elas são...
— Não se preocupe. Para mim, vocês são extraterrestres. Extraterrenos"

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

no meu word starter há tempos...

"Eu não peguei pneumonia. Não dormi durante um mês inteiro; pra ser sincero, eu mal dormi. Mas já fazia meses que eu não dormia direito, então isso não fazia a menor diferença.
Eu não descobri se foi lavagem cerebral, assombração, abdução ou efeito alucinógeno. Também não visitei nenhum psiquiatra, portanto não descobri se devia arranjar algum tarja preta ou se precisava de uma camisa de força. Talvez eu devesse, porque não estive com a garota outra vez. Talvez ela fosse mesmo um fantasma ou algo assim, mas essa possibilidade não foi o suficiente para me fazer deixar de vê-la em cada rosto ou objeto que estivesse sob a minha vista — eu não enxergava as coisas porque meus olhos ainda estavam nublados pela memória da visão insólita.
Foram-se dias e todo tipo de devaneio ou sonho meu tinha alguma relação com seus olhos azuis, sua pele, seus cabelos escuros ou sua voz; nas poucas vezes em que conseguia dormir, em breves e insuficientes minutos eu acordava num solavanco, embebido em suor, logo antes de notar que nada relevante além do fato de ela estar presente nas minhas ilusões havia permanecido em minha memória.
Esses sonhos me levavam à loucura me fazendo pensar que talvez eu a tivesse tocado, sentindo realmente a maciez e a temperatura de seu corpo, e que eu tivesse visto em seus olhos, ao invés da animosidade da primeira vez, uma espécie de deleite, uma satisfação pelo contato da minha pele com a sua, cor de neve; tudo em meros e rápidos segundos. E de repente eu acordava, desejando não tê-lo feito"

"Eu não sabia com certeza se meus pés estavam sangrando; eu não estava olhando pra eles. Mas a sensação predominante era a de que eles haviam sido decepados dos meus tornozelos e se perdido em algum lugar do caminho de volta, o qual, aliás, eu encontrei por mero acaso — sorte ou milagres já não tinham a menor credibilidade da minha parte.
Levou um tempo até eu poder enxergar realmente as luzes da casa. Eu me sentia com a cabeça submersa contra a minha vontade em água com soda cáustica — se a informação de que soda cáustica queimaria minhas vias nasais estiver correta. O cansaço intenso e a realidade faziam faltar o ar.
Então, agora eu era humana. Traduzindo, eu era frágil, vulnerável, penetrável e muito pouco durável. MortalE estava bem mais abaixo nas escalas evolutiva e alimentar"

"Ele agarrou meu braço, apertando-o e fazendo-o formigar. Nunca o havia visto mais gordo; não precisei pensar para puxar meu braço de volta, e ficamos feito duas crianças brigando por uma lata de biscoitos confeitados. Ganhei. De olhos arregalados, ele me olhou com uma expressão ultrajada que eu não via há muito tempo.
— Ei, mina — ele inquiriu, aquele sotaque sulista borbulhando em suas palavras — tu é folgada, hein? — ele ironizou, realmente indignado; malandro, arrogante. Aproximou-se, tentando intimidar. Não me intimidei, apesar de saber que deveria.
— Não — respondi — Seu pinto é que é fino"


PS: ai, que piada escrota... Vinda de mim, não me surpreende
(créditos aos meus coleguinhas de serviço).
Se começar a publicar minhas piadas aqui,
vou acabar com os (poucos) leitores de vez...



segunda-feira, 22 de novembro de 2010

gosto muito disso aí

E   |---------------------------------------2------------------------
B   |--------0-1-----0-1-----0-1-3-1-------1------0-------------
G   |-----2--------2-------2-----------------------2-------2-0-2-
D   |-2--------------------------------------------------------------
  |-----------------------------------------------------------------
e   |-----------------------------------------------------------------

domingo, 21 de novembro de 2010

   MACÁRIO — Eis aí o resultado das viagens. Um burro frouxo, uma garrafa vazia. Conhaque! És um belo companheiro de viagem. É silencioso como um vigário em caminho, mas no silêncio que inspiras, com nas noites de luar, ergue-se às vezes um canto misterioso que enleva! Conhaque! Não te ama quem não te entende! Não te amam essas bocas femininas acostumadas ao mel enjoado da vida, que não anseiam prazeres desconhecidos, sensações mais fortes. E eis-te aí vazia, minha garrafa! Vazia como uma mulher bela que morreu! Hei de fazer-te uma nênia.
   E não ter nenhum gole de vinho! Quando não há o amor, há o vinho; quando não há o vinho, há o fumo; e quando, não há amor, nem vinho, nem fumo, há o spleen. O spleen encarnado na sua forma mais lúgubre naquela velha taverneira repassada de aguardente que tresanda.

(...)

   O DESCONHECIDO — Fumais?

   MACÁRIO — Perguntai de que serve o tinteiro sem tinta, a viola sem cordas, o copo sem vinho, a noite sem mulher... não me pergunte se fumo!


Macário, Álvares de Azevedo

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

melhor assim...

a caixa

Ainda sinto os olhos marejados por conta do sol.

Um trecho de um filme engaiolou meus pensamentos hoje:

— Senhor, me desculpe por perguntar, mas por que uma caixa?
— Bem, a sua casa é uma caixa. Seu carro é uma caixa sobre rodas; você vai para o trabalho com ele e volta para o lar dentro dele. Dentro de casa você fica a olhar para uma caixa enquanto seu corpo definha para então acabar dentro de uma... caixa.

É mais ou menos assim, e o nome do filme não poderia deixar de ser A Caixa.

Digamos que é... Bizarro.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

'there's nothing here but what here's mine'

every you every me, placebo

manoel que eu 'tou dizendo...

— Tem uma foto sua lá em casa. Você dentro de um carro amarelo, lindo, e algum filho da puta encostando no seu capô.
— É, eu tinha um Opala amarelo-mostarda... Mas eu vendi pra casar com a sua mãe.




Do que um Opala amarelo-mostarda não o salvaria...

domingo, 14 de novembro de 2010

nada&tudo

Li e reli sua indagação; Pagu queria e queria saber por que os liberais-conservadores pregam a doutrina do durar, ensinando, desde já e desde sempre, a prole a não desperdiçar, não esbanjar, não fazer uso de.


Certa vez expliquei o motivo pelo qual passei tempo demais achando que o querer era preferível ao ter. O motivo foi traduzido por mim como pura covardia, que por sua vez revelou-me como sua hospedeira. Descobri então que nem sempre — que raramente — o querer se sobrepõe ao que há e ao que é (a não ser que haja e que seja uma vontade permanente e irrealizável). O que há e que é perdura e continua durante tempo indeterminado — de preferência, um longo tempo. Perdura e continua, porém não no sólido, no tangível. O ter permanece em algum lugar inconsistente, distante, espectral, pois o ter de qual falo é ter um amigo, uma embriaguez, uma canção, um beijo, uma palavra. Já o ter do qual falam os liberais-conservadores que a atormentam, Pagu, é o ter gasolina para o carro e deixá-la pra depois, ter bebida na geladeira ao invés de no gargalo, ter comida na dispensa e e não no paladar. Um ter errôneo, que faz com que pensem que ainda há algo em suas vidas que possa ser salvo, ou um ter econômico e estável que confundem com um ter eterno e duradouro. Mas o que têm não passa de matéria inerte. Matéria inerte que cultivam pela falta de inconsistência de suas vidas. Vidas rijas e sólidas, mas sem impetuosidade, cheia de nexos, de sermões, de conservantes. Uma tal inércia que não preenche, nem nunca preencherá nada.

Não acho que seja algum espírito capitalista, ou algo assim... Simplesmente falta neles, Pagu, o que temos, apesar de termos, tecnicamente, nada.

Beba seu vinho, não espere até que vire vinagre. Não espere até que o pão encha-se de bolor, não espere até que os cigarros mofem, até que as roupas não lhe sirvam mais.

Não espere até tudo passar da validade. Ize-se, tenha em mente o ter azedo e a real extraordinariedade da nossa inconsistência. O nada... O nada converter-se-á em tudo. Ou não.

E isso importa?

dormirpracaralho

Minha mãe saiu. Não a atendo no celular. Ela liga pro meu pai achando que fui sequestrada.

"Não, pai, tudo bem... É, imagino. Não, acabei de acordar. Vou comer algo, tomar um banho. É, a gente se vê mais tarde, blablabla"

Enquanto isso, bebo uma jarra de refrigerante cujo lacre minha mãe me proibiu expressamente de violar, como um pedaço de pizza requentanda, perco a vontade do dia, de abrir os olhos... Perco a vontade de tudo.

C'est la fucking vie.
"Vocês são aquela pinguinha que abre o apetite"

o amigo que eu mesmo criei

de temps à autre en 1923

Acostumei-me aos dias sem seu rosto. Dias, a propósito, frequentes. Dias sem suas apóstrofes, seus afáveis sorrisos amarelados, sem os cigarros que costumávamos compartilhar. Acostumei-me aos dias ocos. Dias vagos, cinzentos, amargos.

Não pude, porém, acostumar-me, mais tarde, a sentir seu espectro me alentando o rosto, o corpo, quando relia suas cartas, ou quando vestia suas roupas, ou quando dormia nua, ou apenas de quando em quando. Não pude acostumar-me à sua tão presente ausência.

sábado, 13 de novembro de 2010

picture & quote from interview with the vampire




Louis: Where are we?
Lestat: Where do you tink, my idiot friend? We're in a nice, filthy cemetery. Does it make you happy? Is this fitting, propper enough?
Louis: We belong in hell.
Lestat: What if there is no hell? Or they don't want us there? Ever think of that?

LouisBut there was a hell. And no matter where we moved to, I was in it.


PS: Stephenie Meyer, não se pode copiar Anne Rice.