sábado, 11 de dezembro de 2010

   Sinto agora um pontada no estômago. Não, não uma pontada — um drenar maldito que me exige e consome, que me estira e me arrasta para um buraco sem cor. É como me sinto em face do belo e do maldito.
   Li confissões sobre um dia que poderia, sim, ser um dia qualquer. Todavia, um rosto faz toda a diferença. Não um simples rosto, aquele rosto.


   Espero que saiba que é com você mesmo, e a única confissão minha que talvez pudesse lhe servir de consolo é que, se houvesse possibilidade, ficaria intumescida na presença dela e de sua expressão secular. Milenar. A vi transcrita em papel em bytes nessa coisinha quadrada e agora sinto-me completamente só e invejosa, sinto-me um graveto pisado. Mas sinto também um transcender inacreditável, moléculas desagregando-se. Vai tomar no cú.

7 comentários:

  1. Desculpe me intrometer nesse diálogo cruel: somos humanos, demasiadamente humanos, e creio ser um papel digno de ser cumprido, desde que sincero e vísceral. O "vai tomar no cu" é a fala ideal para qualquer início de conversa e, pasmem, para o fim delas também.

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  2. Intromissão? Onde?

    Estava falando da minha ervilha.

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  3. "Lavar copos" é sobre você...O resto de hoje é a boa ficção de sempre...melhor do que a realidade.

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  4. Imaginei e já comentei lá...

    Obrigada, gostei muito também.

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  5. Expressão engraçada essa: falar da ervilha...Mas quem fala, fala para algo e para alguém, por isso pedi licença...intrometido, não?

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  6. Por isso não há intromissão. Com mais atenção e notando a vaga intertextualidade, você perceberia que falo com você. Quem sabe agora, relendo com outros olhos...

    Além do mais, aqui não há cercas. Deixe disso, não serão necessários pedidos de licença...

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  7. Então vou considerar o "vai tomar..." como um elogio ao texto...mesmo que ele, sem querer, tenha trazido as ervilhas à baila...

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