terça-feira, 30 de novembro de 2010

mais paganismo

R de Rudi: Estou com saudades da Pagu.
R: Eu também. Sabe, quando eu saí com a Pagu pela primeira vez ela passou mal. No shopping. Ela vomitou no lixo.
R de Rudi: Ah, é?
R: É. Eu li um post dela sobre esse dia. Ela diz que lembra de ter me ouvido dizer a Caju que a amava, e pensou "Ah, queria que ela me amasse também".
R de Rudi: Bem, "seja feita vossa vontade"...

sábado, 27 de novembro de 2010

inevitavelmente, terminei aqui

   Corria. Por algum motivo, me associei à Lola, a garota do filme que vi de manhã. Era como se, por algum motivo, quanto mais corresse, menos em vão seria seu esforço. Bobagem minha, porque eu não estava correndo para salvar alguém — estava correndo atrás do vício, para gastar parte dos R$50 que caíram por acaso na minha mão hoje (afinal, meu pai ser meu pai é apenas uma coincidência. Muito bem sucedida, é claro) com cerveja e cigarros. De qualquer maneira, corri apenas um quarteirão: grande bosta porcaria.
  Entrei em meu apartamento transpirando por ser a sedentária de sempre (no prédio não há elevador), com duas latas de Xingu nas mãos e um maço de Lucky Strike no bolso, o rosto vermelho como só fica quando choro. Minha mãe saiu e o calor tornou-se vingativo: está a me torturar por todas as vezes em que eu disse que preferia nuvens densas — demonstro minha indiferença despindo-me. Há um vinil sonorizando Haxinxins no meu quarto, o disco faz um pequeno chiado que o dá um ar reminiscente; há quanto tempo não punha um vinil para rodar...
   Pensei em guardar uma Xingu para Pagu, que adora cerveja escura, mas receio não resistir. Pensei mais um pouco que percebi que, como disse a Caju na quinta-feira, minha casa é lugar nenhum...

some people die in the middle*

   Ainda não pude me decidir a respeito do que é pior: "Se eu tiver" ou "Se eu tivesse"?

   Como ainda não pude deixar de ser uma adepta dos eternos clichês, aí vai um, meio adaptado, devo dizer: de nada adianta chorar sobre o leite derramado — muito menos pela hipótese da queda.

  Estamos presos bem no meio dos "se acontecer" e
"se tivesse acontecido".

  Mas apesar de ter notado isso, confesso que o "se" de ontem não me incomoda muito, já o "se"de amanhã... Às vezes me tortura. Se sugiro aqui (para um alguém qualquer) que deixe o que poderia ter sido para trás e o que poderá acontecer lá na frente — ou aqui, em suas mãos (pois, quando possível, ter controle é mais revigorante) — é para que eu mesma tenha coragem para parar de me perguntar "Mas e se?", já que isso de nada me servirá e, ao invés de me preparar, me desespero, e quando me desespero, esqueço do agora; o "Se for" torna-se um "É" ridículo, mais caótico e terrível. Pretendo, então, preocupar-me com o que pode ser quando for, e se tal conduta de nada me servir... Bem, vamos deixar essa possibilidade pra quando já não tiver servido.

*Verso de Die By The Drop, The Dead Weather

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

descobri que detesto vodca pura

Alguém me traga Jose Cuervo,

ou o amigo que eu mesmo criei poderia me oferecer uma Caracu...

Saudades.

inside being

   Há pouco eu estava no que se poderia chamar de "O Quarto dos Ventos Uivantes"; um granizo intruso e ignorante pôs-se açoitar minha janela. Mas agora ouço apenas os carros atravessando a redondeza e meus pensamentos estão tão vazios quanto penso que minha vida parece estar. Há muito já não estou disposta a praticamente coisa alguma. Meu próprio silêncio, o branco em minha mente, o tempo que levo para digitar cada palavra me incomodam, me desesperam. E continuo a fingir que não há nada que eu possa fazer, porque, afinal de contas, já não estou disposta a praticamente coisa alguma.
  Ainda estou disposta a ter meus benditos Lucky Strikes, mas não a esvaziar o cinzeiro no lixo. Estou disposta a fazer um desenho aqui, outro ali, mas não a preencher questionários imbecis. Estou disposta a ouvir Everytime We Say Goodbye, a ler Vinicius, a escrever irrelevâncias, a encarar Audrey Hepburn, a fazer relatos sobre os Estraga-Prazeres; só não encontro disposição para sair da cama pela manhã, nem para ouvir contradições e reflexões sobre meu desleixo, sobre meu pouco caso, sobre o meu pouco; ou para não poder recusar convites, nem para ouvir discursos oniscientes.
   Já não sei ser fora de casa. Não quero ser fora de casa.






"— As pessoas são chatas demais.
— É, elas são...
— Não se preocupe. Para mim, vocês são extraterrestres. Extraterrenos"

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

no meu word starter há tempos...

"Eu não peguei pneumonia. Não dormi durante um mês inteiro; pra ser sincero, eu mal dormi. Mas já fazia meses que eu não dormia direito, então isso não fazia a menor diferença.
Eu não descobri se foi lavagem cerebral, assombração, abdução ou efeito alucinógeno. Também não visitei nenhum psiquiatra, portanto não descobri se devia arranjar algum tarja preta ou se precisava de uma camisa de força. Talvez eu devesse, porque não estive com a garota outra vez. Talvez ela fosse mesmo um fantasma ou algo assim, mas essa possibilidade não foi o suficiente para me fazer deixar de vê-la em cada rosto ou objeto que estivesse sob a minha vista — eu não enxergava as coisas porque meus olhos ainda estavam nublados pela memória da visão insólita.
Foram-se dias e todo tipo de devaneio ou sonho meu tinha alguma relação com seus olhos azuis, sua pele, seus cabelos escuros ou sua voz; nas poucas vezes em que conseguia dormir, em breves e insuficientes minutos eu acordava num solavanco, embebido em suor, logo antes de notar que nada relevante além do fato de ela estar presente nas minhas ilusões havia permanecido em minha memória.
Esses sonhos me levavam à loucura me fazendo pensar que talvez eu a tivesse tocado, sentindo realmente a maciez e a temperatura de seu corpo, e que eu tivesse visto em seus olhos, ao invés da animosidade da primeira vez, uma espécie de deleite, uma satisfação pelo contato da minha pele com a sua, cor de neve; tudo em meros e rápidos segundos. E de repente eu acordava, desejando não tê-lo feito"

"Eu não sabia com certeza se meus pés estavam sangrando; eu não estava olhando pra eles. Mas a sensação predominante era a de que eles haviam sido decepados dos meus tornozelos e se perdido em algum lugar do caminho de volta, o qual, aliás, eu encontrei por mero acaso — sorte ou milagres já não tinham a menor credibilidade da minha parte.
Levou um tempo até eu poder enxergar realmente as luzes da casa. Eu me sentia com a cabeça submersa contra a minha vontade em água com soda cáustica — se a informação de que soda cáustica queimaria minhas vias nasais estiver correta. O cansaço intenso e a realidade faziam faltar o ar.
Então, agora eu era humana. Traduzindo, eu era frágil, vulnerável, penetrável e muito pouco durável. MortalE estava bem mais abaixo nas escalas evolutiva e alimentar"

"Ele agarrou meu braço, apertando-o e fazendo-o formigar. Nunca o havia visto mais gordo; não precisei pensar para puxar meu braço de volta, e ficamos feito duas crianças brigando por uma lata de biscoitos confeitados. Ganhei. De olhos arregalados, ele me olhou com uma expressão ultrajada que eu não via há muito tempo.
— Ei, mina — ele inquiriu, aquele sotaque sulista borbulhando em suas palavras — tu é folgada, hein? — ele ironizou, realmente indignado; malandro, arrogante. Aproximou-se, tentando intimidar. Não me intimidei, apesar de saber que deveria.
— Não — respondi — Seu pinto é que é fino"


PS: ai, que piada escrota... Vinda de mim, não me surpreende
(créditos aos meus coleguinhas de serviço).
Se começar a publicar minhas piadas aqui,
vou acabar com os (poucos) leitores de vez...



segunda-feira, 22 de novembro de 2010

gosto muito disso aí

E   |---------------------------------------2------------------------
B   |--------0-1-----0-1-----0-1-3-1-------1------0-------------
G   |-----2--------2-------2-----------------------2-------2-0-2-
D   |-2--------------------------------------------------------------
  |-----------------------------------------------------------------
e   |-----------------------------------------------------------------

domingo, 21 de novembro de 2010

   MACÁRIO — Eis aí o resultado das viagens. Um burro frouxo, uma garrafa vazia. Conhaque! És um belo companheiro de viagem. É silencioso como um vigário em caminho, mas no silêncio que inspiras, com nas noites de luar, ergue-se às vezes um canto misterioso que enleva! Conhaque! Não te ama quem não te entende! Não te amam essas bocas femininas acostumadas ao mel enjoado da vida, que não anseiam prazeres desconhecidos, sensações mais fortes. E eis-te aí vazia, minha garrafa! Vazia como uma mulher bela que morreu! Hei de fazer-te uma nênia.
   E não ter nenhum gole de vinho! Quando não há o amor, há o vinho; quando não há o vinho, há o fumo; e quando, não há amor, nem vinho, nem fumo, há o spleen. O spleen encarnado na sua forma mais lúgubre naquela velha taverneira repassada de aguardente que tresanda.

(...)

   O DESCONHECIDO — Fumais?

   MACÁRIO — Perguntai de que serve o tinteiro sem tinta, a viola sem cordas, o copo sem vinho, a noite sem mulher... não me pergunte se fumo!


Macário, Álvares de Azevedo

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

melhor assim...

a caixa

Ainda sinto os olhos marejados por conta do sol.

Um trecho de um filme engaiolou meus pensamentos hoje:

— Senhor, me desculpe por perguntar, mas por que uma caixa?
— Bem, a sua casa é uma caixa. Seu carro é uma caixa sobre rodas; você vai para o trabalho com ele e volta para o lar dentro dele. Dentro de casa você fica a olhar para uma caixa enquanto seu corpo definha para então acabar dentro de uma... caixa.

É mais ou menos assim, e o nome do filme não poderia deixar de ser A Caixa.

Digamos que é... Bizarro.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

'there's nothing here but what here's mine'

every you every me, placebo

manoel que eu 'tou dizendo...

— Tem uma foto sua lá em casa. Você dentro de um carro amarelo, lindo, e algum filho da puta encostando no seu capô.
— É, eu tinha um Opala amarelo-mostarda... Mas eu vendi pra casar com a sua mãe.




Do que um Opala amarelo-mostarda não o salvaria...

domingo, 14 de novembro de 2010

nada&tudo

Li e reli sua indagação; Pagu queria e queria saber por que os liberais-conservadores pregam a doutrina do durar, ensinando, desde já e desde sempre, a prole a não desperdiçar, não esbanjar, não fazer uso de.


Certa vez expliquei o motivo pelo qual passei tempo demais achando que o querer era preferível ao ter. O motivo foi traduzido por mim como pura covardia, que por sua vez revelou-me como sua hospedeira. Descobri então que nem sempre — que raramente — o querer se sobrepõe ao que há e ao que é (a não ser que haja e que seja uma vontade permanente e irrealizável). O que há e que é perdura e continua durante tempo indeterminado — de preferência, um longo tempo. Perdura e continua, porém não no sólido, no tangível. O ter permanece em algum lugar inconsistente, distante, espectral, pois o ter de qual falo é ter um amigo, uma embriaguez, uma canção, um beijo, uma palavra. Já o ter do qual falam os liberais-conservadores que a atormentam, Pagu, é o ter gasolina para o carro e deixá-la pra depois, ter bebida na geladeira ao invés de no gargalo, ter comida na dispensa e e não no paladar. Um ter errôneo, que faz com que pensem que ainda há algo em suas vidas que possa ser salvo, ou um ter econômico e estável que confundem com um ter eterno e duradouro. Mas o que têm não passa de matéria inerte. Matéria inerte que cultivam pela falta de inconsistência de suas vidas. Vidas rijas e sólidas, mas sem impetuosidade, cheia de nexos, de sermões, de conservantes. Uma tal inércia que não preenche, nem nunca preencherá nada.

Não acho que seja algum espírito capitalista, ou algo assim... Simplesmente falta neles, Pagu, o que temos, apesar de termos, tecnicamente, nada.

Beba seu vinho, não espere até que vire vinagre. Não espere até que o pão encha-se de bolor, não espere até que os cigarros mofem, até que as roupas não lhe sirvam mais.

Não espere até tudo passar da validade. Ize-se, tenha em mente o ter azedo e a real extraordinariedade da nossa inconsistência. O nada... O nada converter-se-á em tudo. Ou não.

E isso importa?

dormirpracaralho

Minha mãe saiu. Não a atendo no celular. Ela liga pro meu pai achando que fui sequestrada.

"Não, pai, tudo bem... É, imagino. Não, acabei de acordar. Vou comer algo, tomar um banho. É, a gente se vê mais tarde, blablabla"

Enquanto isso, bebo uma jarra de refrigerante cujo lacre minha mãe me proibiu expressamente de violar, como um pedaço de pizza requentanda, perco a vontade do dia, de abrir os olhos... Perco a vontade de tudo.

C'est la fucking vie.
"Vocês são aquela pinguinha que abre o apetite"

o amigo que eu mesmo criei

de temps à autre en 1923

Acostumei-me aos dias sem seu rosto. Dias, a propósito, frequentes. Dias sem suas apóstrofes, seus afáveis sorrisos amarelados, sem os cigarros que costumávamos compartilhar. Acostumei-me aos dias ocos. Dias vagos, cinzentos, amargos.

Não pude, porém, acostumar-me, mais tarde, a sentir seu espectro me alentando o rosto, o corpo, quando relia suas cartas, ou quando vestia suas roupas, ou quando dormia nua, ou apenas de quando em quando. Não pude acostumar-me à sua tão presente ausência.

sábado, 13 de novembro de 2010

picture & quote from interview with the vampire




Louis: Where are we?
Lestat: Where do you tink, my idiot friend? We're in a nice, filthy cemetery. Does it make you happy? Is this fitting, propper enough?
Louis: We belong in hell.
Lestat: What if there is no hell? Or they don't want us there? Ever think of that?

LouisBut there was a hell. And no matter where we moved to, I was in it.


PS: Stephenie Meyer, não se pode copiar Anne Rice.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

euri

"É verdade, pela primeira e última vez me permiti  cair nessa arapuca velha como a Terra, e trago comigo a dor secular da Virgem Traída, que nós, as mulheres, por causa desses monstros ávidos de coito sem futuro, vimos sofrendo há séculos".

Hell,
Lolita Pille

soneto a quatro mãos

Tudo de amor que existe em mim foi dado
Tudo fala em mim de amor foi dito.
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.

Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.

Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.

Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano.

12/8/1945
Vinicius de Moraes
com Paulo Mendes de Campos

'crash' inspiration


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

pequenas coisas fazem lembrar algo/alguém:

- vermelho em lábios;
- caixões à distância;
- Mustangs e Mavericks;
- sapatos em cores;
- charutos em sábios;
- cólicas crepusculares;
- lentes sobrepostas;
- café em puro negrume;
- limões & saleiros;
- cordas de violão ou de enforcamento;
- buracos de fechadura;
- fumaça em espirais;
- barbas por fazer;
- lâmpadas em cartas;
- Síbaris;
- xadrez em desasseio;
- vinho efêmero;
- mofo em brochuras;
- velas, acesas ou apagadas;
- vinis empoeirados;
- lucky strikes amassados;
- hot-dogs sem salsicha;
- caixas eletrônicos;
- celeridade de coca;
- impudicícia;
- estacionamentos obscuros;
- caminhar a esmo (ou não);
- fumar a pé a caminho de casa;
- Gargântua;
- esquecer o que se estava prestes a dizer.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

lose your halo/horn

Soon or later we all find out
we're neither in mud nor in clouds.
Neither here nor there.
Neither up nor down.


Just stuck in middles and halves.


Middle East,
half a distance,
middle age,
half an hour,
middle people,
haf a person,
middle names,
half a brain,
middle life,
half dead.

domingo, 7 de novembro de 2010

R: Tá todo mundo correndo.
Pagu: Literalmente em círculos. Afinal, o mundo não é um bolão? Não importa o lugar em que estivermos, vamos sempre chegar ao mesmo lugar.



É por isso que ficamos paradas.

dormir na cozinha? é claro

Fazer o quê? Eu estava cansada. Consegui até beber alguns copos da pretinha, mas depois de alguns minutos, tudo o que eu queria era fechar os olhos. Foi por isso que eu mal ouvi a banda quando os caras começaram a tocar. Eu estava dormindo na companhia das panelas.
Assitir De Volta Para O Futuro no cinema em 1984.

Coisa de louco.

Coisa de amigo meu.

Coisa de gente que diz "você é da raça da besta".

Coisa de gente.

you better pay attention

Certain words, when said twice, lose their magic.
— Watch it. He looks like Edward.
— Cullen?
— No, idiot. Scissorhands.

o vinho estava nos meus planos

Pensar em você, não.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

how sinister and how correct

I wanna be much more like you
Your efortlessly graceful scene
That drips from every pore of you
Where logic cannot intervene
I wanna take a bath with you
And wash the chaos from my skin
I wanna fall in love with you
So how do we begin?

I Do, Placebo