quarta-feira, 24 de novembro de 2010

no meu word starter há tempos...

"Eu não peguei pneumonia. Não dormi durante um mês inteiro; pra ser sincero, eu mal dormi. Mas já fazia meses que eu não dormia direito, então isso não fazia a menor diferença.
Eu não descobri se foi lavagem cerebral, assombração, abdução ou efeito alucinógeno. Também não visitei nenhum psiquiatra, portanto não descobri se devia arranjar algum tarja preta ou se precisava de uma camisa de força. Talvez eu devesse, porque não estive com a garota outra vez. Talvez ela fosse mesmo um fantasma ou algo assim, mas essa possibilidade não foi o suficiente para me fazer deixar de vê-la em cada rosto ou objeto que estivesse sob a minha vista — eu não enxergava as coisas porque meus olhos ainda estavam nublados pela memória da visão insólita.
Foram-se dias e todo tipo de devaneio ou sonho meu tinha alguma relação com seus olhos azuis, sua pele, seus cabelos escuros ou sua voz; nas poucas vezes em que conseguia dormir, em breves e insuficientes minutos eu acordava num solavanco, embebido em suor, logo antes de notar que nada relevante além do fato de ela estar presente nas minhas ilusões havia permanecido em minha memória.
Esses sonhos me levavam à loucura me fazendo pensar que talvez eu a tivesse tocado, sentindo realmente a maciez e a temperatura de seu corpo, e que eu tivesse visto em seus olhos, ao invés da animosidade da primeira vez, uma espécie de deleite, uma satisfação pelo contato da minha pele com a sua, cor de neve; tudo em meros e rápidos segundos. E de repente eu acordava, desejando não tê-lo feito"

"Eu não sabia com certeza se meus pés estavam sangrando; eu não estava olhando pra eles. Mas a sensação predominante era a de que eles haviam sido decepados dos meus tornozelos e se perdido em algum lugar do caminho de volta, o qual, aliás, eu encontrei por mero acaso — sorte ou milagres já não tinham a menor credibilidade da minha parte.
Levou um tempo até eu poder enxergar realmente as luzes da casa. Eu me sentia com a cabeça submersa contra a minha vontade em água com soda cáustica — se a informação de que soda cáustica queimaria minhas vias nasais estiver correta. O cansaço intenso e a realidade faziam faltar o ar.
Então, agora eu era humana. Traduzindo, eu era frágil, vulnerável, penetrável e muito pouco durável. MortalE estava bem mais abaixo nas escalas evolutiva e alimentar"

"Ele agarrou meu braço, apertando-o e fazendo-o formigar. Nunca o havia visto mais gordo; não precisei pensar para puxar meu braço de volta, e ficamos feito duas crianças brigando por uma lata de biscoitos confeitados. Ganhei. De olhos arregalados, ele me olhou com uma expressão ultrajada que eu não via há muito tempo.
— Ei, mina — ele inquiriu, aquele sotaque sulista borbulhando em suas palavras — tu é folgada, hein? — ele ironizou, realmente indignado; malandro, arrogante. Aproximou-se, tentando intimidar. Não me intimidei, apesar de saber que deveria.
— Não — respondi — Seu pinto é que é fino"


PS: ai, que piada escrota... Vinda de mim, não me surpreende
(créditos aos meus coleguinhas de serviço).
Se começar a publicar minhas piadas aqui,
vou acabar com os (poucos) leitores de vez...



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