sábado, 27 de novembro de 2010

inevitavelmente, terminei aqui

   Corria. Por algum motivo, me associei à Lola, a garota do filme que vi de manhã. Era como se, por algum motivo, quanto mais corresse, menos em vão seria seu esforço. Bobagem minha, porque eu não estava correndo para salvar alguém — estava correndo atrás do vício, para gastar parte dos R$50 que caíram por acaso na minha mão hoje (afinal, meu pai ser meu pai é apenas uma coincidência. Muito bem sucedida, é claro) com cerveja e cigarros. De qualquer maneira, corri apenas um quarteirão: grande bosta porcaria.
  Entrei em meu apartamento transpirando por ser a sedentária de sempre (no prédio não há elevador), com duas latas de Xingu nas mãos e um maço de Lucky Strike no bolso, o rosto vermelho como só fica quando choro. Minha mãe saiu e o calor tornou-se vingativo: está a me torturar por todas as vezes em que eu disse que preferia nuvens densas — demonstro minha indiferença despindo-me. Há um vinil sonorizando Haxinxins no meu quarto, o disco faz um pequeno chiado que o dá um ar reminiscente; há quanto tempo não punha um vinil para rodar...
   Pensei em guardar uma Xingu para Pagu, que adora cerveja escura, mas receio não resistir. Pensei mais um pouco que percebi que, como disse a Caju na quinta-feira, minha casa é lugar nenhum...

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