sábado, 31 de dezembro de 2011

ano velho

As coisas são contínuas. Pra mim.
Pra mim, a solene e cruel espontaneidade do calor e água é contínua;
não possui marcos, talvez picos e, às vezes, marcas.
Marcas de tirania ou histeria ou saudade ou de mobília velha
ou de diacronia.
Bem, não só da velha.

Sem estrondos. Prefiro esperar pela primavera...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

E ao longo do tempo, o ódio e a descrença vão criando raízes.
E os cacos pré-históricos e feridas originais — permanentes.
E a questão filosófica.

E o rechaço e o desprezo.
E o sarcasmo e a indiferença.
E a verdadeira e única questão filosófica.

Aos diabos, eu!

sábado, 26 de novembro de 2011

Porque se for pra se foder, foda-se pra valer que depois a gente junta o dinheiro que sobrar e chora na cachaça.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

quase

 Quase pedi-lhe que ficasse. Não como nos velhos tempos, mas que simplesmente permanecesse ali na outra ponta do colchão.
 Minha incoerência abriu as comportas; gotas e gotas advindas de uma gama de impressões diversas e controversas — vergonha, certeza e revolta aos abraços com conformismo, arrependimento e serenidade, além das frivolidades maçantes de cada dia, me fizeram arder os olhos.
 Felizmente, foi um "quase". No contrário, pulariam os globos das órbitas se houvesse ainda o patético.

sábado, 24 de setembro de 2011

As pessoas mudam. Muda a volatilidade delas. E acabam mudando menos.

Mas as pessoas mudam.

sábado, 17 de setembro de 2011

hell yeah, frankie

 "O rock'n'roll é a forma de expressão mais brutal, pervertida e repugnante, maliciosa, devassa e, verdade seja dita, francamente obscena... um afrodisíaco de odor nauseante... a trilha sonora de todo delinquente da superfície da Terra."

F. Sinatra, ao NY Times

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

presságio

Posterior à palavra não dita,
à protelação receosa,
maldita garganta fechada;
a pressão cai.



Quando, sob a falta de luz
na interseção da imagem ilícita da carne trêmula e túrgida
em plena ausência de nossos falsos halos sagrados,
a vista umedece,
a pressão cai.



Os trilhos guinchando, vibrando, a pressão sobe.
A ventania, o trem que está por vir,
anunciados estão — ainda que nada se veja.

E a pressão cai.

domingo, 7 de agosto de 2011

de temps à autre...

 Passei a odiar os dias de folga, quando o vento não era tanto quanto necessário para me secar o rosto nem o ócio saudável o bastante para me entreter.
 Ainda vejo, todos os dias, seus pertences, uma pilha que chega quase ao peitoril, e me pergunto por que razão ele não haveria de vir buscá-los de uma vez. O oco que tomaria o lugar do maldito montão casaria perfeitamente do silêncio que tomou o lugar de sua voz.
 Saudosa estou das vezes em 1923.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

concisão II

 Não cessara o som dos pingos da água que não deixa de escorrer torneira, ou o das folhas farfalhando ao longe, no fim da rua; ainda abrem e fecham a geladeira, os carros ainda fazem estardalhaço ao passar pela viela estreita. Nada disso foi alterado; ele ainda é capaz de ouvir cada um desses sons e muito mais. Mas cessaram-se as voltas. Aquelas, noturnas.
 Ele agora não deixa a casa — pelo menos enquanto não volta à labuta. Vagueia pelo lar enquanto seus espectros o seguem, em fila e por ordem de tamanho. Impossível livrar-se deles, de qualquer maneira, o que significa claustrofobia: todos no mesmo cômodo, cedo ou tarde, às acotoveladas; quase sempre um sorriso de escárnio ou de desprezo no rosto daqueles que se consideram invencíveis e irredutíveis. Ele procura agora uma maneira de não somente amansá-los, como também extingui-los, se possível. Como disse ele próprio, vai achar o braço que perdeu.
 Já se pode ver o rastro de sangue no chão — o resultado de remover novos velhos cacos das solas de seus pés. E o sangue não é só dele, porque fomos um só.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

TRÍPTICO

I

Transforma-se o amador na coisa amada com seu
feroz sorriso, os dentes,
as mãos que relampejam no escuro. Traz ruído
e silêncio. Traz o barulho das ondas frias
e das ardentes pedras que tem dentro de si.
E cobre esse ruído rudimentar com o assombrado
silêncio da sua última vida.
O amador transforma-se de instante para instante,
e sente-se o espírito imortal do amor
criando a carne em extremas atmosferas, acima
de todas as coisas mortas.

Transforma-se o amador. Corre pelas formas dentro.
E a coisa amada é uma baía estanque.
É o espaço de um castiçal,
a coluna vertebral e o espírito
das mulheres sentadas.
Transforma-se em noite extintora.
Porque o amador é tudo, e a coisa amada
é uma cortina
onde o vento do amador bate no alto da janela
aberta. O amador entra
por todas as janelas abertas. Ele bate, bate, bate.
O amador é um martelo que esmaga.
Que transforma a coisa amada.

Ele entra pelos ouvidos, e depois a mulher
que escuta
fica com aquele grito para sempre na cabeça
a arder como o primeiro dia do verão. Ela ouve
e vai-se transformando, enquanto dorme, naquele grito
do amador.
Depois acorda, e vai, e dá-se ao amador,
dá-lhe o grito dele.
E o amador e a coisa amada são um único grito
anterior de amor.

E gritam e batem. Ele bate-lhe com o seu espírito
de amador. E ela é batida, e bate-lhe
com o seu espírito de amada.
Então o mundo transforma-se neste ruído áspero
do amor. Enquanto em cima
o silêncio do amador e da amada alimentam
o imprevisto silêncio do mundo
                                                                      e do amor.



II

Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
— eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.

Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
— E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
— não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.

Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço —
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave — qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,

que te procuram.



III

Todas as coisas são mesa para os pensamentos
onde faço minha vida de paz
num peso íntimo de alegria como um existir de mão
fechada puramente sobre o ombro.
— Junto a coisas magnânimas de água
e espíritos,
a casas e achas de manso consumindo-se,
ervas e barcos altos — meus pensamentos criam-se
com um outrora lento, um sabor
de terra velha e pão diurno.

E em cada minuto a criatura
feliz do amor, a nua criatura
da minha história de desejo,
inteiramente se abre em mim como um tempo,
uma pedra simples,
ou um nascer de bichos num lugar de maio.

Ela explica tudo, e o vir para mim —
como se levantam paredes brancas
ou se dão festas nos dedos espantados das crianças
— é a vida ser redonda
com seus ritmos sobressaltados e antigos.
Tudo é trigo que se coma e ela
é o trigo das coisas,
o último sentido do que acontece pelos dias dentro.
Espero cada momento seu
como se espera o rebentar das amoras
e a suave loucura das uvas sobre o mundo.
— E o resto é uma altura oculta,
um leite e uma vontade de cantar.

HELDER, Herberto. Ou O Poema Contínuo.
São Paulo: A Girafa Editora, 2006.

sábado, 16 de julho de 2011

 — Agora diga-me: de que me vale ser poupada do fardo do gigantesco potencial de destruição de seus vícios, que ele prefere carregar só, se sua ausência por si mesma é um fardo, se não mais oneroso, mais infame?

quinta-feira, 30 de junho de 2011

sábado, 18 de junho de 2011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sendo não mais acessível o bendito ócio de cada dia, o que mais tenho feito é desenvolver minhas habilidades no blasé-ismo.

Melhor remédio; recomendo.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

veio a mim

A: Você tem sido humana demais.
B: Como?
A: Humana demais.
C: Isso não é uma coisa boa?
A: Para quem tem vocação para masoquismo, talvez.

domingo, 8 de maio de 2011

vandalismo

Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.


Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.


Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos ...


E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!

Augusto dos Anjos

obtentor e habitante

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Anseio por passar contigo a tarde, adiando, por ora, qualquer receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca...




Desculpem a heresia.
E o ar abafimundo da fundação corrói as tripas — corrói o cérebro, corrói o ser.

É tudo falsa edificação.

soneto de agosto

Tu me levaste, eu fui... Na treva, ousados
Amamos, vagamente surpreendidos
Pelo ardor com que estávamos unidos
Nós que andávamos sempre separados.

Espantei-me, confesso-te, dos brados
Com que enchi teus patéticos ouvidos
E achei rude o calor dos teus gemidos
Eu que sempre os julgara desolados.

Só assim arrancara a linha inútil
Da tua eterna túnica inconsútil...
E para a glória do teu ser mais franco

Quisera que te visse como eu via
Depois, à luz da lâmpada macia
O púbis negro sobre o corpo branco.

Vinicius de Moraes
Oxford, 1938

segunda-feira, 25 de abril de 2011

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Enquanto me encontrava com as mãos mergulhadas numa catinga sem fim,
os insetos faziam a festa no meu bolo.
Podia ser uma metáfora. Não é.
Enquanto estive só, fiz parte das lembranças de outrem;
é uma vontade incontrolável dessa gente estúpida
a de enfiar o dedo imundo na ferida alheia;
é combustível essencial pra essa gente perversa
o conflito extenuante no estômago do ser.
Do ser distante. Do ser ausente. Do ser presente que aguarda.
É um anseio pérfido o de reclusar-se com um único intento:
causar culpa, causar pena, causar dor, humor e tormento.
Mas causa náusea.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

montei uma lista chamada 'dude'

All Mine, Portishead
Ava Adore, Smashing Pumpkins
Black Star, Radiohead
Cold Fame, Band Of Skulls
Desire, Jose James
Dull Gold Heart, Band Os Skulls
Eyes On Fire, Blue Foundation
Glory Box. Portishead
I Wanna Be Your Dog, The Stooges
If Only, QOSA
Kozmic Blues, Janis Jooplin
Last Chance For Love, BRMC
Love Is Strong, Rolling Stones
Make It Wit Chu, QOSA
Meds, Placebo
My Medicine, Pretty Reckless
No Money, KOL
Say Please, Monsters Of Folk
The Gallow Is God, Distillers

E achei isso aqui:


Wanda Jackson & Jack White - Thunder On The Mountain

terça-feira, 29 de março de 2011

   Ecoa o som do vento e de folhas secas percorrendo o concreto enquanto queima um cigarro abandonado pela metade. Uma garota encara, da escada, a porta aberta. A música começa assim que ela senta-se sobre os degraus.

Ao fundo, Stormy Weather com Billie.

"seu não-estar é minha ausência"

Flagro-me procurando por mim.

terça-feira, 22 de março de 2011

ferrenho

Acorda. Respira. Não, inspira, e com força, para sentir nos pulmões o ar que antes os preenchia com o perfume que ela costumava usar para disfarçar o cheiro dos cigarros. Não sente nada. Ela se foi — e levou com ela a sanidade.
Agora anda com os olhos saltados de insensatez, o estômago vazio, os braços descobertos indiferentes à temperatura, o sangue cheio de álcalis, querosene, ácido sulfúrico e aguardente — e suicídio.

Mas suas botas ainda não deixaram o concreto.

quarta-feira, 16 de março de 2011

terça-feira, 15 de março de 2011

Minha nova professora de biologia advertiu: "Não tenham filhos." Como quem implora para que não se aperte um botão escrito "CABUM", ela pedia: "por favor, não tenham filhos. Odeio crianças, do fundo do meu coração. Não, mais profundamente, do fundo de minha alma pequena. Ainda bem que elas crescem e viram gente, porque vocês sabem, não é? Criança não é gente. Criança é um pequeno demônio. Criança não anda, criança corre; criança não fala, criança grita; criança não brinca, criança quebra. E ainda diz em voz alta que o velho que estava no elevador quando ela entrou fede."

Graças a Bob Esponja, ela não deu aula para a minha classe do 3º EM...

sexta-feira, 11 de março de 2011

ARCHBISHOP GILDAY: It seems in today’s world the power to absolve debt is greater than, the power of forgiveness. Six hundred million dollars.

MICHAEL CORLEONE (smiles): Don’t overestimate the power of forgiveness.
   "Esteja avisado, vossa celebridade: ela é desejável, audaciosa, totalmente sem escrúpulos, totalmente fria, incrivelmente egoísta e completamente amoral."


   "— A senhora (...) é uma mulher muito atraente.
    — É a primeira vez que um homem armado me diz isso." 

Ler: A Humilhação, de Philip Roth

quarta-feira, 9 de março de 2011

all the black inside me is slowly seeping from the bone. everything i cherish is slowly dying or is gone...

Pyro, KOLeon
Atende, porra... Atende... Ela insistia. Ninguém atendeu. Sozinha vagou por entre os estilhaços sentindo o vazio que tomava o lugar de ombros quentes percebendo com terror que, gradativamente, ia acostumando-se à falta de resposta. Encarou os pedaços de vidro e as pequenas poças de sangue no chão da cozinha e logo os envolveu, ganhando novos amigos que a levariam para longe do mundo.

nihil, meu pai disse que tem gosto de sabão, mas eu gosto.

















Além disso, aposto que ele nunca comeu sabão.

a leaf falls on loneliness















    
— Lá é esquisito.
— Esquisito como?
— Os cara te mete o cano te mandando provar que não é necessário.

brizola roubada

— Ah, até que é gente fina esse cara.
— Não é não.
— Como?
— Sabe por que razão o cara não é gente fina? Ele roubou uma felicidade nossa.
— Que porco nojento.
— Ele não é porco, ele é hippie.

segunda-feira, 7 de março de 2011

from nick and norah's infinite playlist


-

— He's a complete mo, look at him.
— He is not a mo. Look at how shitty he's dressed. His Supercuts haircut.

-

— This is amazing. You are literally like my musical soul mate. It's unbelievable. Except for all the Cure.
— What's wrong with the Cure?
— There's nothing wrong with the Cure, actually, but just the name. You know, the Cure? What are they the Curing? Get it? They should be called the Cause, right?

-

— Oh, this is a really fancy parking job. It's good because if another car wants to park between us and the curb... He can get right in here.
— Fine. I'll get closer to the curb, just for you. Just for you, Nick. Just because you're picky like that.

— Shit.
— You're close enough to the curb now. We're right on it.


-

"The way you're moving in your sleep,
The way you look before you leap
The strange illusions that you keep,
You don't know, but I'm noticing. "

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

desire, josé james

She appeared in the distance
Like a prayer I had uttered once
She appeared in my life
Like a dream, only have remembered

She entered my heart, stayed a while
She entered my heart, stayed a while
Made me the smile, then gone
Gone from my life, yeah...

I heard her love was like a burning flame of desire...
Desire

Baby, just set my body free
Make me free to love
Make me free to know how it feels to be loved

How it feels to be loved in return
There's some things you just gotta learn on your own, yeah

Yeah, you gotta feel love?!*
I awoke from a nightmare
The only survivor to have felt love
Planets spinning madly
And I'm the only one to see it
Fall through time
Time do heal all wounds but mine

No one but myself to love
No one but myself to love

But then, I awoke to your touch
You said…
Baby, everything's going to be alright
Everything's gonna be alright
Everything's gonna be alright...

*é um verso de que realmente
não tenho certeza da transcrição

odd mirror

Quando o antes é melhor que o durante, é porque estamos morrendo. E quando o durante-depois é melhor que o amanhã, é por causa da certeza.

E como estamos morrendo. Linda e terrivelmente morrendo.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

since i was born i sarted to decay...

now nothing ever ever goes my way.


Teenage Angst, Palcebo.
Pretty suitable name and lyrics.

dias




Convulsão,
contração,
taquicardia,
e perturbação.

Nitrazepam + Halogenação = Flunitrazepam

Dá pra urinar clonazepam. Bem, dá pra urinar quase tudo.
Tem um ansiolítico flertando comigo.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011


Pagu:

e|------------------------------------------------------------------------|
B|----------------10-7--7-7-7-7-7--8-8-8-8-8-10-7--7-7-7------------------|
G|-7-7-7-7-7-7-7------------------------------------------6-6-6-6--6/7--7-|
D|------------------------------------------------------------------------|
A|------------------------------------------------------------------------|
E|------------------------------------------------------------------------|

R:          D                           A                              Em

Pagu:

e|------------------------------------------------------------------------|
B|-------------10-7--7-7-7-7-7--8-8-8-8-8-8-8-8---------------------------|
G|---7-7-7-7--------------------------------------------------------------|
D|------------------------------------------------------------------------|
A|------------------------------------------------------------------------|
E|------------------------------------------------------------------------|

R:                    G

'you suck the noise out'

brrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzztrtrtrtrtrtrtrtrtrtrtrtrtrtrtrtrtrtrtrtrtrtrtraaaaaaaaawwwwww... Pagu.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

cérebro

— Você vai prestar queixa? — a enfermeira, Rosana, como se podia ler em seu crachá, perguntou como que ansiosa pela resposta.
— É claro que não — respondi num tom que poderia demonstrar obviedade se eu não estivesse tão rouca. Rosana me entregou um copo d’água que eu não era capaz de dizer de onde havia surgido. Dei apenas um gole.
— A mulher esfolou seu pescoço. Eu vi — ela agarrou minha mão pensando estar sendo solidária.
— Só porque acha que matei o filho dela.
A enfermeira mudou de cor.
— Você matou? — ela perguntou de maneira cautelosa.
— Homicídio culposo, por assim dizer.
— Ah... — ela arregalou os olhos. Tinha certeza de que ela não tinha ideia do que eu quis dizer.
— Estou me sentindo melhor agora, obrigada — eu disse-lhe ao levantar da poltrona que cheirava a gente velha e álcool. — Vou sair daqui, essas paredes têm uma cor de vômito que me deixa enjoada.

sábado, 29 de janeiro de 2011

cornerstone, arctic monkeys

I thought I saw you in the Battleship
But it was only a look-a-like
She was nothing but a vision trick
Under the warning light
She was close, close enough to be your ghost
But my chances turned to toast when I asked her if
I could call her your name

I thought I saw you in the Rusty Hook
Huddled up in a wicker chair
I wandered over for a closer look
And kissed whoever was sitting there
She was close and she held me very tightly
'Til I asked awfully politely:
"Please, can i call you her name?"

I elongated my lift home
Yeah, I let him go the long way round
I smelt your scent on the seatbelt
And kept my shortcuts to myself

I thought I saw you in the Parrot's Beak
Messing with the smoke alarm
It was too loud for me to hear her speak
And she had a broken arm
It was close, so close that the walls were wet
And she wrote it out in letraset:
"no, you can't call me her name"

Tell me where's your hiding place
I'm worried I'll forget your face
And I've asked everyone
I'm beginning to think I imagined you all along

I elongated my lift home
Yeah I let him go the long way round
I smelt your scent on the seatbelt
And kept my shortcuts to myself

I saw your sister in the Cornerstone
On the phone to the middle man
When I saw that she was on her own
I thought she might understand
She was close, well you couldn't get much closer
She said "I'm really not supposed to, but yes,
You can call me anything you want"

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

— Hey, Norman, I need you to pick up uncle Russell.
— Oh, man, he's always in a bad mood.
— It's not a mood if he's always in it. It's his personality.

Quote from Death At A Funeral 

domingo, 23 de janeiro de 2011

o cheiro triste do fumante solitário

o raio de definição

"Maria disse-me que gostaria de conhecer Paris. Contei-lhe que lá vivera durante algum tempo e ela perguntou-me como era a cidade. Respondi: — É suja. Há pombas e pátios escuros. As pessoas têm a pele muito branca"

Meursault em O Estrangeiro, de Camus

as voltas

Há uns anos eu morava num prédio onde havia muitos moleques. Jogávamos futebol, andávamos de skate, brincávamos de esconde-esconde. Certo dia, ao entrar em casa, notei marcas de sujeira na cozinha, rastros de terra do canteiro do pátio que eu mesma costumava deixar depois de um dia de diversão quando voltava suada para o apartamento. Noutro certo dia, um dos moleques confessou: "Estava com sede e não queria subir até o último andar. Você tinha um filtro com botões legais, a água já saía gelada. Acabei por entrar pela janela da cozinha". Era um moleque divertido e o mais boca suja. Soube há pouco que foi para a reabilitação, talvez pela terceira vez, recentemente.

As benditas voltas de que tanto falam...

ocaso precoce

depois de muito esforço... o sucesso!


E o mais surpreendente: ficou saboroso...

obrigada

"Mas, tão certo quanto o erro de ser barco
A motor e insistir em usar os remos,
É o mal que a água faz quando se afoga
E o salva-vidas não está lá porque não vemos"


Daniel na Cova Dos Leões, Legião Urbana

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"Rivotriller!", Jackie chamou, pois o carro estava em movimento. Meus lábios também.
"It's funny, you know, after all the highways and the trains and the appointments and the years you end up worth more dead then alive"
Willy

"Nobody is hanging himself, Willy. I ran down eleven flights with a pen in my hand today and suddenly I stopped, you hear me?  And in the middle of that office building... I saw... You listen to this!— I stopped in the middle of the building and I saw... the sky. I saw the things that I love in this world; the work and the food and the time to sit and smoke. And I looked at the pen and I said to myself what the hell am I grabbing this for? Why am I trying to become what I don't want to be? What am I doing in an office, making a contemptuous, begging fool of myself, when all I want is out there, waiting for me the minute I say I know who I am! Why can't I say that, Willy!"
Biff

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

"eu sou o ímpar da casa"

Pagu, assim que ler isso, explique, por favor.
"Boa tarde", ele disse, para não dizer "Adeus", adaptando o propósito da coisa. Eu ri, lembrando-me das vezes em que disse "Boa noite" às nove da manhã.

sábado, 15 de janeiro de 2011

— Mas e aí? Quantos anos ele tem?
— Acho que tem x.
— x? Só isso?
— Como assim "só isso"?
— Achei que fosse mais velho.
— Bem, não é.
— Mas parece.
— Não parece não.
— Você acha que ele parece mais novo que eu?
— Acho. Mas talvez eu não seja a pessoa mais indicada a responder a essa pergunta.
— Por quê? Porque um é seu pai e o outro você beija?
— Exatamente.

she's got a ticket to ride, but with no blender

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

um P é um R sem a ranhetice

Não acendi a luz ao entrar. Tateei as paredes e as cortinas, imaginei o chaveiro onde se poderia ver um amigo de Deus e vi a luz alheia tentando invadir minha casa sem sucesso; não toquei em nada acidentalmente. No escuro fiquei. Talvez achasse que, assim, fosse mais provável que ouvisse tua voz ou teu cheiro voltasse à mim.

Ouvi pouco, senti insuficiência. Mas tenho paciência.