quarta-feira, 11 de setembro de 2013

outro feminicídio

Estávamos na galeria do rock no andar subterrâneo comprando uma camiseta do Sabotage quando pessoas começam a gritar. Primeiro imaginei que fosse brincadeira de bar, mas percebi serem gritos de desespero, e então vi algumas pessoas correndo — correndo atrás de alguém. Me aproximei da porta do bar, veio um funcionário ou amigo da loja dizer que parecia que alguém tentara suicídio lá dentro e, depois de ir e voltar, corrigiu a declaração dizendo que alguém sofrera uma tentativa de assassinato.

Me aproximei da porta novamente, vi pernas estiradas e sangue pelo chão.

"É, cara, foi um mano, ele tá doidão, saiu correndo lá, esfaqueou a menina e correu, e ela tá lá caída, mano, a garganta aberta, cê viu? Viu não? É muito sangue. Tiraram a camisa pra botar no pescoço dela. Tá lá, sangrando. Vai viver não, mano."

Uma mulher foi degolada dentro do bar por volta das 16h30 da tarde. As pessoas foram interrompidas — tiveram de parar de beber, parar de falar, parar de rir, parar de olhar, parar de amar; alguém foi degolado dentro do bar. Uma mulher. Pelo ex-marido. Ou é o que parece. Parece outro feminicídio.

Alguém chamou a ambulância? É claro que todos chamaram a ambulância. E é claro que a ambulância não veio a tempo. E é claro que todos vieram olhar a ferida aberta na garganta da ex-mulher do assassino. Sabíamos que devia ser um caso desses, tínhamos certeza. E saímos de lá quase sabendo que ela morreria, mas eu tinha uma ponta de esperança de que o patife fosse à cadeia e viesse ela de volta à vida. Não veio.

É assim que é.

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